Silvinho demorou dois meses para perceber a movimentação. Só se deu conta depois de três episódios consecutivos que quase o levaram à morte.
Dois dias sem piadas de Pepa sobre sua servilidade, uma recusa da maçã de presente no Dia do Professor e a negativa da chefe em ir embora com seu guarda-chuva no meio de um temporal acenderam um alerta no sistema nervoso central do sabujo*.
Já não dormia e não comia mais. "Porque? Porque?". Quase chorando, precisou pedir para sair mais cedo e ir ao médico, sentindo dores no peito.
Nem naquela situação, uma luz do fim do túnel. Pepa fez uma cara (ainda mais) feia e limitou-se a dizer que descontaria do Banco de Horas sua saída antes do fim do expediente.
Receitado o remédio para a arritmia cardíaca, Silvinho partiu para o ataque em busca da confiança perdida. Iria ser de novo o tapete estendido sobre a lama para que Pepa desfilasse toda sua competência.
Passou então a reparar ainda mais no comportamento dos colegas. Precisava com urgência pescar alguma tramóia contra a rainha do estrume processado.
* cão bom de faro, como o beagle, o bloodhound ou o basset hound, usado pelo caçador para indicar onde se encontra a presa.
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