Silvinho gostava de botar a mão na massa, mas só quando a chefe mandava ou então quando tivesse a certeza de que seu empenho seria percebido.
Botar a mão na massa que naquele ramo de atividade não era uma experiência agradável.
Mas para um alpinista escrotal daquele naipe, não havia problema. De nariz tapado e com um sorriso no rosto, lá ia ele manusear o estrume.
Tarde da noite, quando ia embora no trem, ria sozinho pensando na sua capacidade única de atender as expectativas da mulher. Todo ano, há três, circulava no calendário o dia 13 de setembro, rindo com a esposa e imaginando as brincadeiras gostosas que ele e Pepa fariam no trabalho, em referência ao Dia do Bajulador.
Pepa apertava o arreio, reclamando quando o rapaz esquecia da Coca-Cola, não a elogiasse prontamente ou não pagasse a parte dela na rifa que vez ou outra circulava no escritório.
Foi quando entrou em cena Lígia, a jovem funcionária da repartição.
A nova colega de trabalho praticava uma inovadora e sofisticada modalidade de bajulação. Conseguia puxar muito o saco da patroa - e de maneira visível -, sem que tivesse a desgastada imagem do rival.
Mulher, sabia identificar as vaidades de Pepa, elogiar seus colares de mau-gosto, camisolonas floridas de bicheiro e os cortes de cabelo. Falava o diabo sobre a chefe para funcionários e vice e versa...
"Forasteiros", o livro
Há 2 anos
2 comentários:
Já dá pra começar a pensar num livro compilado, Nicka...
concordo com o barduka!!!!!
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