quinta-feira

Silvinho e Pepa - capítulo 2

Silvinho e Pepa viviam uma simbiose (1) curiosa: aquela em que um dos participantes se dá muito bem e o outro acha que se dá muito bem. O vassalo (2) não percebia, mas fazia um tremendo papelão e no mais não recebia muito em troca. Nada de promoções salariais.

O fato é que por configurações físicas e psicológicas, estariam acoplados se habitassem não só o ramo de produção e embalagem de adubo, como também o mercado de corretagem de créditos de carbono, a confecção de embutidos (lingüiças e salames) ou o jornalismo.

Aquela chefe e funcionário eram um clichê aplicável a todo ambiente de trabalho, fosse na Zona Norte da Capital, na região de Perdizes ou até mesmo no ABC Paulista.

E assim seguia a vida no escritório.

Em seus melhores momentos, Silvinho e Pepa ofereciam algum divertimento aos demais, como quando ele próprio começava a rir em altos decibéis antes mesmo da patroa terminar de contar a piada.

Nos piores, o obsessivo bajulador acionava prontamente as antenas para qualquer murmúrio do nome "Pepa" na mesa ao lado, pronto para anotar no papel o comentário que considerasse desmerecedor de sua razão de viver.



(1) relação mutuamente vantajosa entre dois ou mais organismos vivos de espécies diferentes.

(2) aquele que no sistema social medieval da vassalagem, oferece ao seu senhor fidelidade e trabalho em troca de proteção e um lugar no sistema de produção.

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