Os
semáforos inteligentes quebraram com o esforço, passando apenas a acender e apagar as luzes sem muito raciocínio. O
motorista do coletivo esqueceu um pouco do sistema eletrônico que conta quantas vezes a porta da frente é aberta, e permitiu sair sem pagar todo mundo que não tinha passado da catraca. O
amarelinho deixou de brigar contra a falta de fôlego pra apitar aquela porra aguda e acendeu um cigarro. O
taxista resolveu desligar a coletânea das "mais mais" e o passageiro soltou um longo suspiro. Ato contínuo, o passageiro abriu a carteira pra contar se tinha os 78 reais pra pagar a conta. O
comandante Teixeira avisou o apresentador pelo rádio do helicóptero que estava com o saco cheio de sobrevoar todo dia a mesma região. A
menina dos malabares colocou as peças no chão porque já estava tendo cãimbra. O
Volkswagen Sedã 78 soltou uma fumaça pelo capô e parou de trepidar. Já o relê de seta direita do Toyota Corolla 08/09 pereceu e provocou odor de festa junina. O
paciente ligou pro médico e ralhou que não iria chegar no horário da consulta nem fodendo. Espremida no banco do circular com o rapaz de 2 metros que ouvia em bom volume o funk carioca, a
mirrada aposentada gritou pra que desligasse aquela bosta e fosse a puta que o pariu. Os
faróis de xenônio do 26° da fila refletiram no espelho e danificaram em definitivo a retina do neurocirurgião que cantarolava logo à frente. Com duas semanas no emprego, o
novo funcionário do noturno ensaiou uma resposta pra tentar justificar mais um dia chegando depois do horário. E O
DESGRAÇADO RESPONSÁVEL PELO DEPARTAMENTO DE PLANEJAMENTO DA COMPANHIA DE ENGENHARIA DE TRÁFEGO, QUE NÃO DEVERIA DEIXAR NINGUÉM PARAR, FOI O ÚNICO QUE NÃO FEZ MERDA NENHUMA!
3 comentários:
Ótimo texto.
O farol de xenônio é o pior - aquilo me cega dum jeito!
Essa história podia ser menos frequente no dia a dia, né.
Pôxa! bem que me ví em algumas daquelas situações, creio que farei as mesmas coisas!
Quando sai um livro de crônicas como essa?
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